A umidade da já findada garoa pairava pelo ar e ajudava a brisa a cortar mais gelidamente a pele daquelas pessoas.
O chão de paralelepípedo fazia leves barulhos a cada passo da procissão que seguia.
Roupas escuras, janelas fechadas, o som de um coro desarmônico de vozes em oração. Chegara a semana santa.
A cidade desfazia seu sorriso interiorano e assumia a seriedade do acontecimento. O clima era profundo, não chegava a denotar medo, mas causava um certo recolhimento em cada ser, em cada família, em cada
palavra.
Os dias caminhavam mais calmos e a cada celebração o povo se reunia para se aproximar cada vez mais do auge, do clímax, da Paixão.
Todos os anos, desde muito tempo atrás isso se repete; os mesmos sons, os mesmos ritos, o mesmo sentido. Faz parte da vida.
Mesmo os mais afastados voltam nessa época, talvez por ter aprendido desde crianças a importância dessa semana, ou simplesmente por sentir ar diferente presente nesses dias, a grandioso significado de tudo.
É assim. E assim caminha a vida, rememorando os passos do passado que permitiram a existência desse presente.
O vento, o frio, os dias silenciosos. De uma noite angustiante à outra de um fogo novo, a traição, a entrega, a consumação. Tudo acontece novamente aos nossos olhos.
Na aurora de um novo dia, a vida renasce, o sol aquece novamente os corações, a esperança é celebrada. É domingo, é Pascoa. E no domingo... A cidade sorri novamente.
Aluã Rosa
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