sexta-feira, 11 de abril de 2014

Uma história sobre maçãs

   
Na larga rua, em meio aos carros, trabalhava a vendedora de maçãs.
   Com sua velha cesta e sincera simpatia, ganhava a vida vendendo as vermelhas e suculentas maçãs do sítio de seu tio.
   A rua era movimentada, muitos carros iam e vinham, buzinavam, passavam reto, quando paravam eram abordados pela vendedora.
   Órfã, criada pelo tio, precisou deixar a escola para cuidar do pai postiço que estava doente.    Muitos questionavam a situação da moça, a doença do tio, os estudos abandonados, as maçãs.
   Nunca havia uma explicação.
   As maçãs eram muito significativas na vida dos dois. Quando pequena, a vendedora foi salva da fome pelas maçãs do tio, agora, queria poder retribuir o cuidado, com as mesmas frutas que a salvaram na infância.
   O tio melhorava à medida que as maçãs eram colhidas.
   Um dia a moça não apareceu com seu cesto na grande rua. Passados cinco dias, nem sinal da vendedora. Somente algumas pessoas perceberam sua ausência.
   Não havia mais maçãs para vender, a macieira parou de dar seus frutos. Ventos frios balançavam suas folhas e as cortinas do quarto do tio doente.
   A vendedora agora trabalhava o dia todo em função da saúde do tio, que piorou muito depois do fim das maçãs.
   Olhando pela janela, a moça avistou algo surpreendente, em meio às folhas já meio secas da árvore, pendia uma grande e vermelha maçã. Era apenas uma, não ajudaria no tratamento se vendida.
   Saiu da casa, colheu a grande fruta e levou para o quarto do tio. Colocou sobre o criado mudo e esperou. O forte aroma tomou conta de todo o ambiente, o senhorzinho deitado respirou mais profundamente para sentir melhor. Um sorriso de agradecimento se desenhou em seu rosto.
   A vendedora, salva pelas maçãs do tio quando criança tentou retribuir o gesto, mas ao invés disso, fechou os olhos e sentiu também o aroma que vinha do criado mudo.
   No doce cheiro que envolvia o quarto, sonharam, e chegou ao fim a história dos dois. E das maçãs.


     Aluã Rosa

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