Na larga rua,
em meio aos carros, trabalhava a vendedora de maçãs.
Com sua velha
cesta e sincera simpatia, ganhava a vida vendendo as vermelhas e suculentas
maçãs do sítio de seu tio.
A rua era
movimentada, muitos carros iam e vinham, buzinavam, passavam reto, quando
paravam eram abordados pela vendedora.
Órfã, criada
pelo tio, precisou deixar a escola para cuidar do pai postiço que estava
doente. Muitos questionavam a situação da moça, a doença do tio, os estudos
abandonados, as maçãs.
Nunca havia
uma explicação.
As maçãs eram
muito significativas na vida dos dois. Quando pequena, a vendedora foi salva da
fome pelas maçãs do tio, agora, queria poder retribuir o cuidado, com as mesmas
frutas que a salvaram na infância.
O tio
melhorava à medida que as maçãs eram colhidas.
Um dia a moça
não apareceu com seu cesto na grande rua. Passados cinco dias, nem sinal da
vendedora. Somente algumas pessoas perceberam sua ausência.
Não havia
mais maçãs para vender, a macieira parou de dar seus frutos. Ventos frios
balançavam suas folhas e as cortinas do quarto do tio doente.
A vendedora
agora trabalhava o dia todo em função da saúde do tio, que piorou muito depois
do fim das maçãs.
Olhando pela
janela, a moça avistou algo surpreendente, em meio às folhas já meio secas da
árvore, pendia uma grande e vermelha maçã. Era apenas uma, não ajudaria no
tratamento se vendida.
Saiu da casa,
colheu a grande fruta e levou para o quarto do tio. Colocou sobre o criado mudo
e esperou. O forte aroma tomou conta de todo o ambiente, o senhorzinho deitado
respirou mais profundamente para sentir melhor. Um sorriso de agradecimento se
desenhou em seu rosto.
A vendedora,
salva pelas maçãs do tio quando criança tentou retribuir o gesto, mas ao invés disso, fechou os olhos e sentiu também o aroma que vinha do criado mudo.
No doce
cheiro que envolvia o quarto, sonharam, e chegou ao fim a história dos dois. E
das maçãs.
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