terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Brilham os olhos.

   No último dia do ano muitas coisas diferentes acontecem...
   As redes sociais se enchem de mensagens de esperança, amor e paz, a televisão tem uma programação especial, as pessoas usam branco esperando pela paz.
   É muito bonito ver e sentir que todos aguardam o início de um novo ano na esperança de dias melhores e mais felizes.    Os corações pulsam mais forte, estamos ao lado dos nossos amigos e mentalizamos energias positivas para o novo ciclo que vai se iniciar.
   Numa contagem regressiva de poucos segundos nos esquecemos de um ano velho e recebemos um totalmente novo, com todos os dias em branco, para que possamos escrever em cada um de forma nova, corrigindo os erros do passado.
   Enfim, fez-se mais uma virada. Mais esperança depositada em um novo calendário de folhas limpas, mais fé em um mundo melhor e repleto de bondade e paz para todos, mais, sempre mais... 2014.

                   Aluã Rosa

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Despertar obsessivo



- Que situação!
Exclamava a todo instante aquele senhor dentro do carro; viúvo, sozinho, foi obrigado a morar com o filho na cidade. A ideia não agradou nenhum pouco, ficar preso em um apartamento e ter concreto como paisagem na janela era demais.
            O filho, por sua vez, tentava convencê-lo de que seria bom ficar mais próximo dos médicos, da tal civilização. A proposta foi feita “ou o galo vai junto, ou não vai ninguém”. Era uma ideia estranha, mas se a condição era aquela, o que poderia ser feito?
O galo foi, hospedado no mesmo quarto que seu dono, agora seria o despertador oficial do apartamento, ou melhor, do andar inteiro.
Mas o galo não cantou já na primeira manhã.
Depois de levar uma grande bronca do chefe devido ao atraso, o filho saiu do trabalho com uma ideia na cabeça, comprar um despertador para o pai se esquecer do galo, comprou.
Chegando em casa, entregou o despertador para o senhor e depois disso se arrependeu profundamente.
O velhinho encantou-se pela máquina, maravilhou-se com o magnífico mecanismo que fazia sons na hora marcada.
Tamanho foi o encantamento, que na manhã seguinte acordou bem cedo com seu novo despertador e partiu para a rua, rodou mercados, lojas, vendas, bazares e gastou toda a sua aposentadoria em despertadores.
Agora sim era um homem feliz.
O apartamento estava ficando lotado de despertadores. Nas cômodas, aparadores, no alto dos guarda-roupas, na mesa da cozinha, tudo despertava. A cada cinco minutos um deles tocava em algum canto e o velhinho corria pelo apartamento em busca da fonte do barulho.
O galo descontrolou-se e passou a cantar a qualquer hora do dia. Dezoito cartas do síndico já haviam chegado, todas com a mesma reclamação. O filho tinha olheiras enormes no rosto e cada dia chegava em um horário diferente no trabalho. Demitido.
A décima nona carta chegou no dia em que foi comprado o último despertador. Isso mesmo, o último, depois dele não veio mais nenhum, afinal, o sítio em que foram morar depois de serem expulsos do prédio ficava muito distante das lojas; de despertador, somente o galo mesmo.


Aluã Edson Rosa


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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Bolinha verde de Natal

A avó cantarolava na cozinha preparando a ceia, os tios instalavam as luzes coloridas do lado de fora da casa, os jovens e crianças perdiam-se entre as caixas para montarem o pinheiro com seus enfeites. Era véspera de Natal. 

O verde pinheiro ficava mais e mais colorido a cada coisa pendurada, uma vez pelo neto mais novo, pela sobrinha mais inteligente, os gêmeos bagunceiros, ora ou outra vinha algum adulto ajudar com as partes mais altas.
As caixas foram se esvaziando, sobravam apenas poeira e cacos de bolas quebradas. Por fim, foi preso o último metro de corrente e o trabalho foi concluído. Todos pararam, olharam, mas algo estava estranho, faltava alguma coisa. Chamaram os adultos, a avó. Todos concordavam que entre as cores e cintilações uma sombra de falta deixava seu sinal.
De um tio vem a sugestão:
­                - É a estrela, só pode ser isso, que árvore de Natal sobrevive sem uma estrela na ponta?
O brilho de uma estrela poderia ser sentido por todos, fazia falta sim, e quem sabe por conta de tantas preocupações com seus próprios problemas ninguém tivesse pensado na estrela, se esquecido...
- Não, não é a estrela! – Lembrou-se a avó – Se esqueceram da nossa tradição? Não lembram do enfeite mais importante da nossa família? Aquele que fica no topo, e guardamos na caixa mais resistente?
De início, um silêncio tomou conta da sala, mas...
- COMO? MAS COMO? Como conseguimos esquecer do enfeite? Todo ano comentamos, penduramos com o maior cuidado. – A espalhafatosa tia Joana soltou.
Cada família tem sua tradição, naquela, uma pequena e brilhosa bolinha verde era tratada como joia rara, todo ano era cuidadosamente posicionado na parte mais nobre do pinheiro e cuidado por todos. Um desespero percorreu a todos ao perceberem o esquecimento do enfeite, e da tradição que corria risco.
- Precisamos encontrar! Vamos procurar nas caixas, nos cantos. – Um dos gêmeos se prontificou.
Todos começaram a revirar as caixas, abrir os armários, olhar embaixo dos móveis e nem sinal da bolinha, foi quando num suspiro desanimado a avó deu a notícia, tinha encontrado, mas isso não foi bom.
Em uma das caixas, na menor delas, cacos verdes repousavam em meio a poeira; de alguma forma o símbolo natalino daquela família tinha se quebrado, sido destruído. A tristeza tomou conta de todos, o silêncio pairou no ar.
­                - Alguém de vocês sabe qual o significado dessa bolinha? Esperança! Por isso era verde, mas não tinha valor nenhum, sua função era unir a família para celebrar essa festa, para celebrar a vida, não porque está quebrada que não vamos comemorar. – Explicou a avó.
- Se o importante é a esperança, então comemoremos, tenho certeza de que o sentido do Natal não foi quebrado e ainda podemos encontrar um sinal ainda melhor.
O sino da caixa de correio soou, pela janela não foi possível ver quem tinha deixado a encomenda, mas os correios não funcionavam naquele dia, e nem naquela hora; alguém resolveu fazer uma surpresa.
Uma das crianças correu e buscou o pacote. Dentro dele, numa caixinha, repousava uma miúda imagem de cerâmica, um bebê, menino. O bebezinho sorridente envolto em paninhos brancos cativou a todos, reacendeu no coração de cada um naquela família a esperança.
Que nesse Natal esse bebezinho possa se fazer presente para cada um de nós e nos mostre também a beleza e o verdadeiro sentido desta festa.

Aluã Edson Rosa








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*** FELIZ NATAL ***

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