sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Cochilo de uma tarde de verão.


O som da chuva batendo nas janelas misturava-se ao da água fervilhante na chaleira da avó. O cão brincava com um novelo de lã e batia o rabo nas pernas de Paulo, que bocejava pela décima vez em 30 minutos enquanto olhava para a pilha de 9 livros que reservara para passar as férias no interior, decidindo qual leria primeiro.
Anita, a avó, estava no quarto procurando o novelo de lã amarela (que o cão tomara posse) para terminar o cachecol que fazia para presentear a vizinha.
Com um estrondo, a porta da frente se abriu, Paulo pulou na cadeira com o coração disparado. O que teria feito esse som? Ele correu até a sala e olhou a porta, não havia ninguém; entrou no corredor, espiou o quarto e... Sua avó não estava mais ali. Procurou por toda a casa e nem sinal da velhinha.
Ao voltar para a cozinha, o cachorro também tinha sumido. Será que tinha ido atrás de Anita? O que estava acontecendo? Como uma senhora de 70 anos e um cachorrinho somem sem dar sinal algum, com um menino de 14 anos procurando pela casa toda?
Não pensou duas vezes, saiu correndo pela chuva, a rua estava deserta e foi possível ziguezaguear pelo asfalto molhado, gritou pela avó e pelo bicho. Nenhuma resposta.
De repente, do bueiro da rua, apareceu uma escada, a escada começou a subir, subir e subir sem parar e escalando seus degraus, surgiram dez anões de roupas pretas e cachecóis amarelos, o décimo primeiro ser vivo a se elevar do bueiro foi sua avó Anita, com o cachorrinho no colo.
Paulo já não entendia mais nada, abriu a boca para falar, mas fechou-a sem nada pronunciar quando sua avó começou:
_Menino, levanta já daí  - sim, ele estava sentado no meio da rua - Você vai se arrepender muito de  não ter me avisado que lã amarela estava com Theodoro – e, sim, Theodoro era o nome do cachorro.
_Mas, vó.... Como eu poderia imaginar que aquela lã era tão importante? E, de onde vieram esses agentes em miniatura?
_Olha o respeito, heim. E você nem é tão alto assim - foi o que Paulo teve que ouvir de um dos anões.
Depois disso só conseguiu ouvir sua avó gritando ordens de ataque e soltar uma gargalhada cruel.       Paulo sentiu chutes, socos e outras agressões vindas dos tais agentes e começou a se debater freneticamente para espantar os homenzinhos, como não o soltavam, gritou o mais que pode.
Abriu os olhos, viu que tinha jogado todos os livros no chão e se enrolado na lã amarela da avó, estava encharcado, sua avó também, e Theodoro igualmente. Perguntou:
_Vó, cadê aqueles anões?
_Que anões, Paulo? Acho que você sonhou, estava se debatendo todo aí na cadeira. Agora, será que você pode me ajudar com as goteiras? Elas estão tomando conta de casa.
                                                       Aluã Rosa

Imagem pega na internet.

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