segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Vitrolas metafóricas



   Ao ritmo do relógio bailamos nossas vidas.
   É esta vitrola metafórica, o tempo, que nos dita quando a dança começa e quando o baile termina.
  Começamos esta dança com os passos simples e sem ousadia, e pouco a pouco a cada tique-taquear dos ponteiros aflora o bom bailarino. Logo acabam-se os vinis, mas mão importa pois sempre há uma musica para se "redançar". Assim vira-se a noite em dança e em contra-dança, e com os pés calejados de suingue lutamos para não parar. Não é justo por fim em tanta alegria, não é justo sessar a agulha em seu giro infinitamente majestoso sobre os discos.
   Após muitos pedidos coloca-se mais uma musica, a ultima. Não sei se todos retornam a pista de dança para velar a festa que se foi ou para extrair a ultima gota de alegria possível..A musica não importa, pode ser samba, rock  e até marchinha. Todos dançam como se deslizassem pelo tempo, pela história.É tanta euforia que se passou e festa acabou.
 Todos voltam para suas casas e quando recostam-se sobre seus travesseiros têm aquela sensação de preenchimento momentâneo, porém suficiente. Pois como sempre, fora a melhor das festas.
  Outras virão e se não vierem aquele momento ficará gravado nos giros desta outra vitrola metafórica, a vida.

                              Samuel Bernardes

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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Aniversariando... Pra conjugar o verbo no infinito.

    Hoje é o aniversário do Catapalavras.... Dois anos... Ah... Passou muito rápido o tempo desde aquele "Estreia ou não, eis a questão". 
    Muita coisa aconteceu, amadurecemos como pessoa e como escritores... Crescemos.
    Vieram responsabilidades e por muitas vezes ficamos algum tempo sem postagens; a correria do dia-a-dia nos forçou a isso.
    Mesmo assim, um aniversário de dois anos nos anima novamente e inspira-nos a renovar, transformar...

    É isso que desejamos para o blog nessa nova etapa. Se ficarmos por algum tempo sem atividades, não nos abandonem, por favor... Foi o tempo que nos pregou alguma peça novamente.


    Obrigado!




O verbo no infinito


Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar 
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Vinícius de Moraes



domingo, 5 de janeiro de 2014

Rio de letras



    Dia e noite ela corria, com suas quedas espalhava água para os lados e criava certa névoa ao seu redor. Inverno e verão passavam e a cachoeira continuava sempre do mesmo jeito, com suas cristalinas águas descendo, correndo sempre na direção do mar.
    Aos pés da queda, um tranquilo rio deslizava por curvas, atravessava cidades até chegar ao seu destino final.
    Helena mudou-se com a família para aquele lugar havia três dias. Passava a maior parte do seu tempo desembalando suas coisas dentro do seu quarto; às vezes se cansava e parava para apreciar a cachoeira de sua janela.
    No auge de seus 8 anos e amante da leitura, sempre se perguntou por que tantas pessoas ainda não conheciam aquele mundo mágico de contos, poemas, universos que podiam ser visitados no simples ato de se ler.
    Refletiu sobre o que viu no caminho até sua casa nova, as casas nas margens do rio, pensou que talvez muitas daquelas pessoas não conhecessem essas viagens, aventuras que as palavras podiam proporcionar. Queria, se pudesse, presentear cada um com um livro, cada pessoa do mundo com o mesmo prazer que sentia quando abria uma nova história.
    Foi dormir com essa ideia. Queria mudar o mundo, ou parte dele. Queria fazer alguma coisa para proliferar a magia das letras pela Terra, mesmo que só atingisse a uma pessoa, sabia que valeria a pena.
    Naquela noite sonhou com barcos , navios que levavam riquezas de reino para reino. Na manhã seguinte acordou destinada a apresentar a literatura às pessoas.
    Revirou em sua prateleira e encontrou um livro que já tinha lido várias vezes, eram sonetos.      Arrancou página por página com cuidado para não rasgar, desceu as escadas correndo, foi até a margem do rio manso logo abaixo da cachoeira, sentou-se e começou a dobrar os   papéis.
    Cada folha gerou um pequeno barquinho de papel, sua carga? Sonhos. Cada barquinho carregava um soneto diferente, de um autor diferente e para uma pessoa diferente.
    Agachada, soltou cada um dos barcos na água sossegada do rio, eram centenas. Molhou os pés e observou enquanto as palavras tomavam conta do rio e rumavam para seus destinos. Não sabia quem leria ou ao menos se chegaria a ler.
   Sem saber que depois da primeira curva os barquinhos iriam derreter e se desfazer, saiu feliz por ter dado a alguém a oportunidade de conhecer a beleza da literatura. Ou ao rio. Subiu as escadas e foi escolher o próximo livro.

                                                                           Aluã Rosa


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