sábado, 2 de junho de 2012

Realejo...

    Era uma manhã fria e turva de julho, eu estava em em casa aproveitando minhas férias, resolvi remexer algumas gavetas intocadas há anos na esperança de encontrar algo útil do passado.
    Abri muitas gavetas e com elas abri também as asas da minha imaginação, viajei com meus antigos aviões de brinquedo, lutei com dragões de plástico e virei crítico de arte revendo meus desenhos da infância, mas uma coisa marcou muito minha busca, uma coisa muito especial que por anos pensei que estivesse perdida.
    Enroladinho bem no canto estava um pedaço de papel, era um bilhete de realejo, desses que ficam na porta da igreja em dia de festa, este eu tinha pego com meu avô quando estava passando as férias em sua casa.
    Eramos muito unidos, sempre que podia, ele inventava histórias de tesouros escondidos e mistérios ocultos pela cidade.
    Com o realejo não deu outra, o bilhete, um pouco enigmático o inspirou a arquitetar uma aventura tão convincente que por algumas vezes pensei que fosse verdade.
    Nosso bilhete dizia: Mesmo na escuridão, siga, suba a escada da vida e quando chegar ao topo encontrará o verdadeiro e mais valioso tesouro que se pode ter.
    Como eu era pequeno não entendi nada e acho que nem meu avô entendeu direito o que queria dizer, mas tratou logo de me mostrar as incríveis oportunidades de encontrarmos o tal tesouro.
    Desbravamos florestas desconhecidas entre milharais, navegamos pelas águas violentas de uma lagoa, enfrentamos furiosos sabiás, passamos todo o período de férias procurando o tesouro e não o encontramos.
    Os dias foram passando, chegou o último dia de férias e com ele minha última chance de encontrar o tesouro, meu avô me convencera a explorar o interior da casa e seus numerosos quartos que um dia foram o abrigo dos muitos filhos, hoje crescidos.
    Em cada quarto que entrávamos uma surpresa nos esperava, ou era minha avó com um doce feito por suas próprias mãos ou algum singelo presente retirado do próprio sítio.
    Mas nenhum quarto me surpreendeu tanto quanto o último, o quarto do casal, era grande e com muitos móveis, procurei sozinho enquanto meu avô me olhava e sorria silenciosamente e quando menos esperava se assustou com um grito que deixai escapar.
    _ENCONTREI
    Era uma caixa de madeira escondida em baixo da cama, eu já não aguentava mais de curiosidade para saber o que havia na caixa, ela estava trancada e só meu avô tinha a chave. Calmamente ele foi até a caixa, colocou a chave no cadeado, girou e abriu a tampa.
    Quando olhei, não podia acreditar...


Imagem pega na internet.



  Aguarde a próxima postagem!
                                                                                     Aluã Edson Rosa